Sustos, tensão, medo…Apesar de serem palavras com tons negativos, é comum que tenhamos interesse em buscar histórias que tragam estas características. Somos loucos então? Não, não é bem assim. Contar histórias de terror é uma prática tão antiga quanto a comunicação em si. Desenhar ataques de animais em paredes, narrar atos dos deuses sobre os humanos. Tudo isso tem relação com o terror e com o prazer de sentir medo que temos. Veja abaixo uma linha do tempo da origem do terror até como o conhecemos hoje.
Os antepassados do terror
Em uma das obras mais conhecidas do mundo, a Odisseia, Homero narra a luta de Ulisses contra bruxas. Os gregos já narravam contos sobre vampiros e pessoas retornando dos mortos no século II. Isto pode ser visto nas obras de Flégon de Trales; e Aristófanes, principalmente em ‘As Rãs’.
A própria Bíblia traz trechos de conversas com bruxas, feiticeiras e invocação de espíritos. Além de monstros e bestas mitológicas. Outros textos religiosos trazem histórias do mesmo tom como a Avesta (compilação de textos sagrados do Zoroastrismo) e a mitologia nórdica com seus seres mágicos e sedentos de sangue que buscam proteger seus reinos.
Claro que nenhuma destas histórias é de terror, mas não se pode negar as inspirações na construção do imaginário popular ao longo do tempo. Pode-se dizer que foi a origem do terror.
Século XVIII
Dando um salto no tempo, chegamos ao século XVIII, mais exatamente no ano de 1764. Neste ano é escrito o livro ‘O Castelo de Otranto’ por Horace Walpole. Este é considerado o primeiro romance gótico, trazendo presenças espirituais, intrigas e acontecimentos inexplicáveis.
Este livro é uma referência que influenciou diretamente os escritores do próximo século que se eternizaram no conhecimento popular.
Ele é considerado o primeiro romance gótico. Com visões fantasmagóricas, fatos inexplicáveis, paixões e intrigas, os elementos dessa obra iniciaram o caminho pelo qual este estilo de literatura seguiria, servindo até mesmo de influência para Edgar Allan Poe e Bram Stoker, entre outros autores importantes.
Século XIX
Neste século foi forjada a clássica ambientação em castelos assombrados, casarões antigos, esqueletos e calabouços. Estes locais até hoje permanecem na clássica história de terror que nos vem a cabeça quando pensamos no gênero.
No início do século XIX, Mary Shelley lança Frankenstein. A união de ciência e terror levou o livro a ser, também, a primeira obra de ficção-científica moderna. Elevando-a a outro patamar.
Outra publicação clássica deste século foi a de Drácula, de Bram Stoker. A história popularizou a figura do vampiro e reforçou a ambientação e tensão que o gênero traz durante a leitura.
O fim do século contou com dois autores que viriam a influenciar diretamente o próximo século. Ambrose Bierce trouxe histórias como a Casa das Máquinas que, assim como Mary Shelley, trabalhou a questão de criador e criatura influenciando a ficção científica além do terror em si. Além dele, Robert W. Chambers, com o Rei de Amarelo, se tornou influência de H.P. Lovecraft e Stephen King.
O século contou ainda com outros escritores reconhecidos como Ann Radcliffe (Os Mistérios de Udolpho), Matthew Gregory Lewis (O Monge), Emily Brontë (O Morro dos Ventos Uivantes) e Robert Louis Stevenson (O Médico e o Monstro).
Edgar Allan Poe
Separei aqui uma seção especial de Edgar Allan Poe, que conseguiu abranger diversas áreas do terror em seus 17 anos de produção literária. Assim como os outros autores, Poe trabalhou com o gótico (como em ‘A Queda da Casa de Usher’), teve inspiração na ciência (‘Os Fatos no Caso do Senhor Valdemar’), mas também se profundou no terror sombrio (‘O Gato Preto’) e na vertente sobrenatural (‘A Máscara da Morte Rubra’).
Trazendo tantas vertentes em tantos trabalhos, Edgar Allan Poe merece destaque no século XIX para a evolução do terror entre seus contemporâneos quanto para as próximas gerações.
Século XX
Este século abriu as portas de vez para o terror. Diversas revistas foram criadas e traziam histórias de escritores emergentes. Foi assim que surgiu H. P. Lovecraft com seu horror cósmico na revista Weird Tales.
As revistas também influenciaram o surgimento do mesmo do terror, Stephen King. King iniciou sua produção em 1970 e escreveu diversos best-sellers como O Iluminado, Carrie e It – A coisa.
Nos anos 70 houve também a publicação de O Exorcista, de William Peter Blatty, que fez sucesso tanto na literatura quanto no cinema.
Século XXI
Hoje, com o aumento da autopublicação, além da proliferação de serviços de streaming, tem aumentado a quantidade de histórias de terror surgindo pelo mundo. As criações buscam inspiração nas diferentes décadas, mostrando que o terror cresce como uma bola de neve, repetindo fórmulas e se adaptando com a evolução do público.
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Pingback: Representação da Morte no Terror: Um Estudo Literário
Quando estava pesquisando livros atuais para dar de presente grande parte do que eu encontrava era de terror.. as séries também, muitas série populares atualmente são de terror, tipo Dark.. Muito legal ver um pouco da história dos livros de terror 🙂
Muito bom o material!!!