A família, infelizmente, não é sempre quem te protege e cuida. Existem casos em que essas relações são totalmente deturpadas. Como o caso de Danielle Jones.
Danielle Jones era uma garota tímida, sem autoconfiança, mas com um grande grupo de amigos. Ela era muito divertida e tinha um bom senso de humor. Apenas uma adolescente muito feliz e divertida. Se Danielle saísse para encontrar amigos ou fazer compras, nunca haveria um momento em que a mãe não soubesse onde ela estava. Danielle sempre dizia para onde estava indo.
No dia do seu desaparecimento, ela tomou seu café da manhã atrasado, como normalmente acontecia. Saiu às 10 para as oito como na maioria das manhãs despedindo-se de sua mãe normalmente.
O irmão de Danielle, Mitchell, olhava pela janela e a viu sair do portão e virar à esquerda, que era seu caminho normal para a escola. E, em segundos, a viu se virar e passar pela casa para o outro lado, o que era incomum. Ao ver isso não falou nada, porque talvez ela estivesse indo para uma loja ali perto. Então, ele não estranhou porque não era relevante naquela manhã.
O desaparecimento de Danielle Jones
Às duas e meia do mesmo dia, a mãe recebeu uma ligação da escola perguntando se Danielle Jones não estava bem, pois não tinha ido à escola. Isso a assustou, pois a filha não era de matar aula.
Às três e meia a mãe começou a telefonar para os amigos da escola, mas nenhum deles sabia de nada. E isso era muito diferente dos hábitos da filha e logo ela começou a entrar em pânico.
Ela telefonou para a polícia naquela noite e explicou que a filha tinha saído para a escola naquela manhã normalmente, mas nunca havia chegados lá.
A partir daquele momento, o caso foi tratado pela polícia local como uma pessoa desaparecida de alto risco.
Amigos e familiares estavam auxiliando na busca, indo à estação de trem, esperando para ver se ela descia de algum. Todos procuraram nos arredores por horas e horas. Afinal, as primeiras 24 horas são muito críticas.
Na noite de segunda-feira o pai de Danielle, Tony, foi até a casa de sua irmã para ver se eles tinham notícias dela, mas eles não sabiam de nada.
Na casa havia muitos equipamentos de câmera que ele achava uma coisa bizarra de se fazer. E todo mundo estava olhando, mas ele não. Não combinava com ele, não combinava com sua maneira de ser. Quando Tony voltou para casa, ele estava bastante agitado com isso.
No dia seguinte os cães farejadores andaram por toda a propriedade para encontrar a rota que Danielle havia feito. Eles poderiam dizer por onde ela andou e quão longe foi e refazer seus passos.
Nos primeiros três dias, foram feitas consultas com amigos da escola e buscas foram feitas em suas casas. Mas nenhuma evidência relevante particular foi encontrada até aquele momento.
Com a falta de informações a pesquisa se expandiu. E cada casa em East Tilbury foi visitada pela polícia. Os moradores foram entrevistados e suas casas foram analisadas para ter certeza de que Danielle não estava escondida em nenhuma. Com o passar das horas, ficou claro para a polícia que algo terrível podia ter acontecido. E assim o caso foi encaminhado para a seção de investigação principal.
No dia 21, três dias após o desaparecimento, um oficial de ligação familiar foi atribuído à família Jones para conhecer a configuração e dinâmica da família.
Os pais foram entrevistados para darem declarações de álibi e serem excluídos como suspeitos. Toda a casa foi revistada para a polícia ter todas as informações necessárias para a análise.
Segundo o oficial de ligação familiar, Danielle Jones tinha um grupo bastante unido de amigas com quem passava muito tempo fazendo compras, passeando e brincando. Coisas típicas de adolescentes, mas Danielle parecia mais ingênua que as demais.
Naquele momento foram levantadas preocupações sobre o relacionamento dela com o tio, que até então não tinha sido citada. Nunca ninguém havia se preocupado, mas agora que Danielle estava desaparecida, começaram a ficar muito preocupados sobre o que era esse relacionamento.
A partir desse momento levantou-se suspeitas de que seu tio, Stuart Campbell, estivesse envolvido.
Tio de Danielle Jones vira suspeito
O oficial de ligação familiar achava que Tony tinha suspeitas, porque ele sabia que Campbell tinha um passado nebuloso. Ele tinha algum tipo de negócio de fotografia, embora trabalhasse, na verdade, na Construção Civil. E, apesar da família ter suspeitas, a polícia precisava encontrar provas.
Investigações iniciais pela Polícia e depois confirmadas pela Equipe de Investigação Principal, foram feitas em torno de uma van azul, cujo motorista foi visto conversando com uma garota com a descrição de Danielle. Também houve avistamentos de uma briga entre alguém que combina com a descrição de Danielle com um homem em uma van azul. E Stuart Campbell era dono de uma van azul.
Houve uma coletiva de imprensa com presença de mídia nacional e ficou claro que havia preocupação real sobre o que havia acontecido com Danielle. Nesses casos de desaparecimento de crianças a polícia depende muito da mídia para fazer apelos por testemunhas e buscar informações.
A mãe de Danielle disse que Tony e Stuart não tinham uma relação 100% boa, mas se gostavam. A relação de Stuart com as crianças quando eram pequenas era ótima, ele brincava com elas, as tratou exatamente da mesma forma. Mas desde um ano e meio antes de Danielle desaparecer, ele havia se interessado mais por Danielle. A mãe achava que era porque os meninos estavam crescendo e não estavam tão interessados em jogar jogos bobos com seu tio, então não deu atenção a isso.
A mãe disse que quando ela se tornou adolescente, ele pareceu se tornar muito amigo dela, muito interessado no que ela estava fazendo, e era evidente que, seu tio era uma grande influência em sua vida naquela época.
A polícia considerava que Stuart estava em uma posição entre Danielle e seus pais. Como se ele tivesse se colocado na posição de um tio reconfortante, mas suas intenções pareciam ser mais do que reconfortantes.
As amigas de Danielle Jones não gostavam do que viam nessa relação entre ela e o tio e diziam que os dois saíam muito juntos e ficavam de mãos dadas na rua.
Assim, à medida que Campbell se tornava cada vez mais um suspeito, investigações foram feitas sobre seus antecedentes e verificou-se que ele tinha uma condenação anterior, há cerca de um ano, por sequestrar uma menina de 14 anos, onde ele recebeu uma pena de prisão posteriormente suspensa.
A partir desse momento as preocupações sobre ele ser um predador se tornaram reais. E, conforme voltavam no tempo com a análise, foram identificadas cerca de 30 vítimas em um período de 20 anos. E havia um modus operandi muito comum com Campbell.
Ele se apresentava como um fotógrafo de jovens modelos e abordava garotas por volta dos 13 e 14 anos. Ele encorajava as meninas a voltarem para suas casas, onde tiraria fotos inadequadas delas na premissa de que seriam fotografias de modelos.
Campbell era uma preocupação para a investigação, e a polícia resolveu vigiá-lo.
Na sexta-feira, dia 22 de junho, o acompanharam para tentar descobrir onde Danielle estava e a polícia estava convencida que ele estava envolvido no sequestro dela e poderiam prendê-lo ali mesmo. Mas havia preocupação de que Danielle não estivesse viva.
Stuart parecia estar gastando tempo dirigindo pelo estacionamento. Ele tirava fotos de carros prateados que correspondiam à descrição de seu outro automóvel, um Nissan Primera e a polícia achou que ele tentava, de alguma forma bizarra, estar construindo um álibi para si mesmo.
Assim, na sequência dessa vigilância que durou várias horas, ele foi então preso, próximo da meia-noite.
Stuart Campbell é preso
Ele foi entrevistado intensamente e a polícia o questionava sobre seu relacionamento com Danielle. Seu álibi inicial era ter ido para uma loja local e ter voltado para casa antes de trabalhar com seu vizinho mais tarde naquela manhã.
Sobre sua relação com a sobrinha, ele resolveu não fazer comentários e, por falta de provas suficientes para acusá-lo, ele foi libertado sob fiança.
Assim, a polícia se aprofundou em busca de mais evidências. Tudo foi verificado novamente.
A polícia descobriu que Stuart Campbell havia instalado uma nova porta dos fundos na casa de Linda e Tony e, apesar da família não a usar, acharam que apenas Stuart a usava para ter acesso fácil à casa quando os pais não estavam lá.
Assim, buscas simultâneas foram realizadas na casa da família de Stuart Campbell e em seu loft. No seu sótão foi descoberto um saco contendo vários artigos como um par de meias brancas com uma mancha de sangue. E quando foi levado a exame mais aprofundado havia um perfil misto de DNA de Danielle e Stuart Campbell na mancha.
Todos os indicadores levaram a polícia a conclusão de que Campbell tinha uma obsessão por Danielle, que se desenvolveu desde que ela se tornou uma adolescente. E, naquele momento, a polícia acreditava que Danielle havia sido assassinada e Campbell era o principal suspeito. Mas ainda precisavam provar essa teoria.
Neste momento começaram a fazer buscas nas áreas atrás do corpo de Danielle, principalmente al longo do Rio Tâmisa, e muitas pessoas se envolveram para ajudar. Havia a esperança de que algo a qualquer momento poderia ser revelado e que poderia ser uma evidência significativa na investigação.
Durante a busca, os pais notaram que a polícia buscava em locais de difícil acesso como dentro do rio, e foi aí que perceberam que a polícia não buscava apenas por Danielle viva, mas por seu corpo escondido em algum lugar, mas sua mãe não queria acreditar nisso.
As investigações continuaram e no dia 28 de junho houve o primeiro contato de Danielle. Mas não foi com seus pais, mas com Stuart, e ele foi rapidamente mostrar a mensagem para a família.
A mensagem dizia “Oi, Stu, O que você está fazendo. Estou em tantos problemas.”
Apesar da mensagem ter sido para seu tio, a família ficou feliz por ter recebido um sinal de que ela estava viva. Era um ponto de esperança nesses 10 dias de desaparecimento.
À medida que o tempo passava e eles se tornavam cientes do passado de Stuart Campbell, eles perceberam que a notícia de Danielle Jones não era positiva, mas sinistra.
Um especialista em telefonia se juntou ao inquérito e foi constatado que Stuart Campbell havia mentido sobre seu álibi em 18 de junho. Naquela manhã ele havia feito uma ligação para sua esposa, e foi constatado que essa ligação tinha sido feita próxima da casa de Danielle e seus pais.
Também houve um linguista forense para analisar a mensagem de Danielle e comparar com a linguagem que ela usava em outras mensagens de texto que ela enviava para pais e amigos, e eram muito diferentes.
Na mensagem que Stuart Campbell havia enviado para seu próprio telefone se passando por Danielle, ele usou a palavra o quê, soletrado W-O-T, mas Danielle nunca usou essa palavra dessa maneira, sempre com a grafia correta.
Além disso, foi constatado que o celular de Stuart e Danielle estavam tão próximo durante os primeiros dias de desaparecimento que acabou se tornando uma evidência significativa.
Assim as investigações continuaram a respeito dele, e outros delitos que havia cometido vieram à tona. Investigações em seu computador identificaram que ele estava tirando fotos de outras jovens, algumas sem os seus consentimentos.
A polícia estava construindo seu caso contra Campbell pelo assassinato de Danielle Jones. Eram tantas provas circunstanciais que o caso parecia muito forte, mas Danielle ainda não havia sido localizada.
Linda e Tony estavam muito brabos consigo mesmos por terem permitido que Campbell entrasse em sua casa e permitido que essa relação se desenvolvesse sem perceberem. Ainda mais com as pessoas os questionando sobre a relação e eles não haviam notado nada.
Stuart Campbell foi acusado de sequestro e assassinato, mas os avistamentos de Danielle ainda estavam sendo relatados à polícia. Como resultado de todos os apelos feitos pela Polícia de Essex, houve 830 avistamentos diferentes com supostos avistamentos de Danielle em toda a Inglaterra, Reino Unido, Europa e alguns outros lugares do mundo.
A quantidade de avistamentos foi um problema logístico para a polícia, especialmente depois que Campbell foi acusado de assassinato. Porque cada avistamento tinha que ser investigado e eliminado. Porque se houvesse a menor chance de Danielle estar viva, e esse avistamento em particular não tivesse sido devidamente investigado, teria sido fácil para a defesa levantar o caso durante o julgamento e deixar alguma dúvida sobre Danielle ainda estava viva.
O Julgamento
Quase um ano após o desaparecimento de Danielle, Stuart Campbell foi a julgamento por seu sequestro e assassinato. Nesse momento havia uma grande quantidade de provas circunstanciais., mas não havia corpo, ou local de deposição. Mas havia uma cena de crime.
Por causa da ausência de um corpo a polícia teve que ter provas negativas. Então tiveram que mostrar como uma garota de 15 anos, não era comum, que tinha medo do escuro e não seria o tipo de criança que simplesmente fugiria de casa. Tiveram de provar que ela não havia levado carregador de celular, muda de roupas e não tinha dinheiro com ela. Todas as coisas que uma jovem teria cuidado antes de pensar em fugir de casa.
O julgamento durou 11 semanas e Stuart Campbell foi considerado culpado em 19 de dezembro de 2002 e condenado à prisão perpétua por assassinato juntamente com uma sentença de 10 anos por sequestro. Mais tarde, o Supremo Tribunal decidiu que Campbell deveria cumprir um mínimo de 20 anos antes de ser considerado para liberdade condicional.
Stuart permanece preso e nunca revelou onde está o corpo de Danielle. Em maio de 2017, a polícia recebeu a informação de que no dia do desaparecimento da garota, Stuart foi visto realizando uma movimentação estranha em uma garagem da cidade e que possivelmente o corpo da jovem estaria lá. Porém, dias depois, a polícia informou que nenhuma descoberta foi feita e o corpo permanece desaparecido.
Essa história é verdadeira e o caso ainda se desenrola no aguardo de que Stuart fale sobre onde o corpo de Danielle foi escondido.
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