Anticristo

ANTICRISTO: Qual a VERDADE por trás das histórias de ficção?

Você já ouviu falar de Anticristo, certo? O conceito existe há muito tempo. Mas será que o Anticristo é realmente um homem? Ele é o falso messias que faz milagres, assim como Jesus fez, a fim de atrair as pessoas antes de desencadear o inferno na Terra? Ou essa coisa de Anticristo é apenas um conceito?

Surpreendentemente, a Bíblia não menciona o Anticristo com frequência. Na verdade, o termo “anticristo” só aparece um total de quatro vezes nos Livros de João. Mas os Livros de João não mencionam o Anticristo como uma única entidade. Ele se refere a vários “anticristos”, como aqueles que não acreditam em Jesus. 

Por exemplo, em João 4:3 diz

“E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo.”

Também temos uma passagem em que Jesus fala sobre falsos messias.

Esse trecho está em Mateus 24:24 e diz:

“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.”

E, claro, temos um vislumbre no Apocalipse.

Aqui as coisas ficam um pouco mais fortes, com bestas e o número 666 aparecendo, embora nenhum deles seja diretamente conectado ao Anticristo.

Anticristo popular

Por incrível que pareça, apenas em 950 d.C. é que foram escritos detalhes sobre o Anticristo. A Rainha Gerberga da França pediu ao monge Adso de Montier-en-Der para escrever mais sobre o Anticristo, já que a Bíblia não oferecia muita visão sobre esta figura.

Então, os escritos desse monge praticamente ditaram como as pessoas percebiam o Anticristo e percebem até hoje. Segundo ele, o Anticristo seria um judeu nascido na Babilônia que apareceria no final do Sacro Império Romano-Germânico.

A vinda dele seria muito parecida com a segunda vinda de Cristo, então todos acabariam por segui-lo. Mas então o Anticristo perseguiria os cristãos por três anos e meio. Até, claro, que o verdadeiro Jesus voltasse e expulsasse o Anticristo e salvasse a humanidade.

Joaquim de Fiore

Mas, apesar de tudo ter começado com Gerberga e Adso, ele não foi o único monge a escrever sobre o Anticristo. Anos mais tarde, pelos anos 1100, o teólogo italiano Joaquim de Fiore tornou-se um, pasmem, especialista no assunto!

Para Fiore, havia vários Anticristos. Na verdade, alguns deles já tinham até vivido como Nero, por exemplo. Embora, em última análise, o principal Anticristo entre todos viria durante o apocalipse.

Joaquim de Fiore baseou sua interpretação do anticristo na divisão da história da Igreja em três períodos, cada um correspondendo a uma das Pessoas da Trindade. O primeiro período, o da Pai, foi marcado pelo domínio da Lei; o segundo período, o do Filho, foi marcado pelo domínio da Graça; e o terceiro período, o do Espírito Santo, será marcado pelo domínio da Liberdade.

O anticristo surgirá no final do segundo período, quando a Igreja estiver em um estado de decadência. Ele se apresentará como o Messias prometido e enganará as pessoas com suas falsas promessas. Ele também tentará estabelecer um governo mundial tirânico, que será caracterizado pela opressão, a violência e a perseguição aos cristãos.

Joaquim de Fiore defendeu que o anticristo se chamaria Gogue. Ele baseou essa interpretação em uma passagem do Livro de Ezequiel, que descreve um rei da terra de Magog que liderará uma invasão contra Israel no fim dos tempos. Joaquim de Fiore acreditava que Gogue era um símbolo do anticristo, e que ele surgiria da terra de Magog, que ele identificou com a Alemanha.

Em sua obra “Expositio in Apocalypsim”, Joaquim de Fiore escreve:

“O anticristo será um homem de grande poder e inteligência, que enganará as pessoas com suas falsas promessas. Ele surgirá da terra de Magog, que é a Alemanha. Seu nome será Gogue, e ele será um falso messias que tentará estabelecer um governo mundial tirânico.”

A interpretação de Joaquim de Fiore do anticristo foi adotada por muitos movimentos milenaristas, que acreditavam que o anticristo surgiria em breve. No século XIV, por exemplo, o movimento dos Flagelantes acreditava que o anticristo seria um rei alemão chamado Gogue.

No entanto, a interpretação de Joaquim de Fiore não é universalmente aceita. Alguns estudiosos acreditam que Gogue é simplesmente um símbolo de um inimigo do povo de Israel, e que não deve ser interpretado literalmente como o anticristo.

Martinho Lutero

Mas nessa saga de Anticristos, temos também a versão de Martinho Lutero.

No entanto, sua interpretação do anticristo era diferente da de Joaquim de Fiore.

Lutero acreditava que o anticristo não era uma pessoa específica, mas um poder espiritual que se manifestava no mundo através de instituições e indivíduos que se opunham à verdadeira mensagem do evangelho. Ele acreditava que o anticristo estava presente na Igreja Católica Romana, que ele considerava corrupta e desviada do verdadeiro cristianismo.

Em seu livro 95 Teses, ele escreve:

“Por isso, devemos exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno; e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.”

Lutero também acreditava que o anticristo estava presente no mundo muçulmano, que ele considerava uma ameaça à fé cristã. Ele via os turcos otomanos como os “escravos do diabo” e os “filhos da besta”.

Lutero expressou sua crença no anticristo em várias ocasiões, incluindo em seu tratado “Contra a Execrável Bula do Anticristo”, que foi escrito em resposta à bula de excomunhão emitida pelo papa Leão X. No tratado, Lutero chama o papa de “Anticristo” e afirma que ele está liderando uma igreja corrupta e desviada.

Mas com o passar do tempo, todo o conceito do Anticristo evoluiu para se tornar mais um conceito que representasse qualquer coisa contra o Cristianismo, em vez de um único vilão. Mas por volta de 1900, graças ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche, as coisas mudaram.

Friedrich Nietzsche

Em 1895, Nietzsche publicou seu livro anti-cristão chamado ‘O Anticristo’, trazendo o nome de volta à moda.

Ele argumenta que o cristianismo é uma religião de fraqueza e ressentimento, que tem promovido a decadência da humanidade. Inclusive, ele vê o cristianismo como uma religião que prega a negação da vida, a glorificação do sofrimento e a submissão à autoridade. Assim, ele defende que esses valores são contrários à natureza humana, e que têm levado a uma sociedade fraca e decadente.

Dessa forma, para Nietzsche, o cristianismo é o anticristo por excelência. Ele acredita que o cristianismo é uma força que se opõe ao desenvolvimento do homem superior, o Übermensch., que é um indivíduo forte e independente, que vive a vida ao máximo e se recusa a ser limitado por valores morais ou religiosos.

E já que entrei nos século XX, nessa época teve um crescimento do conceito de Anticristo. Isso pode ser atribuído a uma série de fatores como a Ascensão do secularismo que é a crença de que a religião não deve desempenhar um papel na vida pública. Isso levou alguns cristãos a se sentir ameaçados e a ver o Anticristo como uma força que estava trabalhando para destruir a fé cristã. Também tivemos o Crescimento do nacionalismo, a crença na superioridade de uma nação ou grupo étnico. Isso levou alguns cristãos a ver o Anticristo como uma força que estava trabalhando para promover o ódio e a divisão. E isso acabou levando a eventos mundiais como as Duas Guerras Mundiais e a Guerra Fria. Inclusive esses eventos foram vistos por muitos cristãos como sinais do fim dos tempos.

Nesse século começaram a se difundir movimentos milenaristas, como os Testemunhas de Jeová e os Adventistas do Sétimo Dia. Esses movimentos acreditavam que o Anticristo surgiria em breve e que o fim dos tempos estava próximo. Também tivemos a publicação de vários livros e artigos sobre o Anticristo que exploravam diferentes interpretações do Anticristo e ofereciam alertas sobre os perigos que ele representava. E tudo isso culminou nos Cultos e reuniões sobre o Anticristo. Esses eventos eram uma forma de os cristãos compartilharem suas crenças sobre o Anticristo e se prepararem para o seu aparecimento.

Símbolos do Anticristo

Mas sabe uma coisa que une o Anticristo no nosso imaginário? O 666.

Esse número é famoso já como o número da Besta. E ele foi atribuído lá na Bíblia, em Apocalipse 13:18:

“Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.”

Mas, na verdadem não há nada sobrenatural sobre 666. O número está de fato ligado ao Império Romano e é essencialmente um código numérico judeu que se traduz como Nero. É até fácil entender porque Nero era verdadeiramente o Anticristo da época, afinal ele perseguia, torturava e matava cristãos.

O número foi obtido usando a numerologia hebraica da gematria, uma forma judaica de numerologia que atribui valores às letras.

Há até um nome para o medo do número 666. Ele se chama hexacosioi-hexeconta-hexafobia.

Conhecia tudo isso sobre o Anticristo? Qual tua história de terror favorita baseada nele? Me conta aqui nos comentários!

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