Em 15 de janeiro de 1947, um corpo de mulher foi encontrado em um terreno baldio em Los Angeles. Seu corpo estava cortado ao meio e mutilado e apenas a parte de cima foi encontrada e sem a cabeça. Quem seria essa pessoa? O que teria acontecido? Só os próximos dias resolveriam esse mistério. Esse é o Caso Dália Negra, um dos casos mais famosos dos Estados Unidos.
Elisabeth Short foi quem mais levou a sério as palavras de sua mãe. Seduzida pelas luzes e o encanto daqueles filmes que viam no cinema desde criança, Beth sempre quis se tornar uma atriz conhecida, o que lhe proporcionaria um bom sustento econômico.
Em 1943, quando mal havia completado 19 anos, seu pai inesperadamente reapareceu na família. Ela foi a única que perdoou sua terrível mentira e não só isso, mas acabou indo com ele para a cidade de Vallejo, na Califórnia, aproveitando a oportunidade de estar um passo mais perto de Hollywood para poder realizar seu sonho.
Depois disso, juntos se mudaram para Los Angeles. Mas a convivência se tornou cada vez mais difícil. A jovem se deu conta de que, por parte de seu pai, só havia interesse. O único que aquele homem queria era que ela fizesse as tarefas domésticas e cuidasse dele. E isso estava muito longe dos anseios de Elisabeth.
Portanto, assim que conseguiu um trabalho de garçonete, foi morar sozinha no que hoje é a base da força aérea Banting, perto de Lompoc.
Aos poucos meses de morar sozinha, em 23 de setembro de 1943, foi presa pela polícia depois de ser surpreendida bebendo álcool com um grupo de marinheiros. Isso porque a idade mínima para beber na Califórnia é de 21 anos.
Uma vez presa, lhe abriram um processo e a mandaram de volta para Miami, com sua mãe.
Justamente na Flórida, conheceu Matthew Gordon, um piloto da Força Aérea que não tardou em propor-lhe casamento. No entanto, e como uma espécie de escuro presságio, aquele rapaz faleceu após um acidente aéreo em agosto de 1945.
Após sua perda, Elisabeth não guardou luto e, em princípios de 1946, a jovem viajou ao sul da Califórnia para retomar uma antiga relação com o tenente Block, a quem havia conhecido durante a guerra. No entanto, as coisas não funcionaram como ela esperava, assim que, ao pouco tempo, eles se separaram.
Elizabeth Short passou seus últimos seis meses em Los Angeles trabalhando em empregos temporários e dormindo em hotéis baratos ou pensões de má reputação. O pouco que ganhava, investia em roupas e maquiagem. Aos poucos, começou a vestir-se de preto, o que contrastava com sua pele extremamente branca, dando-lhe um look vampírico que acreditava a destacava do resto, devido em parte a seus cabelos de um negro azabache.
De dia, Elizabeth Short era uma garota comum. De noite, percorria hotéis de luxo, bares de moda e clubes noturnos, deixando-se ver. Estava convencida de que o sucesso, enfim, chegaria. No entanto, jamais imaginou que sua busca terminaria em um terrível final.
No dia 9 de janeiro de 1947, tomou uma bebida no mítico Hotel Cecil, localizado no centro de Los Angeles, e saiu dali, por volta das 10 da noite. Cruzou o lote, passou pela porta e saiu para a rua. Essa foi a última vez que foi vista com vida.
Seis dias depois daquela bebida no Hotel Cecil, Walter Morgan, um trabalhador, passeava pelo Leimert Park e descobriu o corpo de Elizabeth Short. Seus restos haviam sido levados até aquele terreno baldio e estavam acomodados de uma forma muito estranha. O corpo, ao qual lhe haviam drenado até a última gota de sangue, encontrava-se cortado pela cintura, perfeitamente. Foi encontrado em posição decúbito dorsal, boca para cima, com as pernas dobradas e os pés voltados para cima.
O CORPO DE DÁLIA NEGRA
O corpo de Elizabeth Short foi encontrado nu, com a cabeça separada do tronco e as entranhas expostas. O crime chocou a população da época e, até hoje, o assassino nunca foi encontrado.
O corpo da vítima havia sido submetido a uma mutilação extrema. Havia sido cortado ao meio na altura da coluna lombar, a única parte que pode ser cortada sem quebrar um osso. Os braços estavam dobrados em ângulo de tal forma que as mãos ficavam por cima da cabeça. Estava golpeada, queimada com cigarros e a necropsia concluiu que havia sido torturada durante pelo menos três dias.
Foram-lhe extirpados o coração, o baço e os intestinos. O peito esquerdo estava cortado, a parte íntima estava bloqueada por um pedaço da coxa esquerda e na pélvis havia um grande corte. As pernas haviam sido fraturadas e em uma das coxas havia duas letras gravadas com uma faca.
A parte traseira e a frente tanto dos tornozelos quanto dos pulsos estavam marcadas por uma corda, sugerindo que havia permanecido amarrada, embora o crânio não estivesse fraturado. Como último detalhe sinistro, o rosto estava lacerado, desde a comissura dos lábios até as orelhas, imitando aquele horrível corte que se conhece como o “sorriso de Glasgow”, deixando uma cicatriz semelhante a um um sorriso.
A causa do óbito foi a grande perda de sangue como consequência das feridas sofridas no rosto e um trauma cerebral.
IDENTIFICANDO A DÁLIA NEGRA
A análise posterior estabeleceu que haviam lavado o corpo, presumivelmente para borrar as digitais, já que no momento de ser encontrada tinha os dedos arrugados, o que dificultou a tomada das impressões digitais. Apesar da dificuldade, conseguiram tomar a ficha dactiloscópica e, graças à sua detenção anterior, conseguiram identificar a vítima como Elizabeth Short.
Uma vez sabendo a quem correspondia o corpo, chamaram o pai da garota. No entanto, o pai de Elizabeth se recusou a reconhecer o corpo porque isso era muito duro para ele. Assim, conseguiram contactar a mãe.
A polícia conseguiu contatar a mãe de Elizabeth Short para que ela se apresentasse para reconhecer o corpo de sua filha. O reconhecimento foi imediato, e a grande dor que isso causou à família foi insuperável.
Posteriormente, os restos mortais de Elizabeth foram levados para o cemitério de Mountain View, em Oakland, Califórnia. No local do achado, a polícia encontrou algumas pistas: uma pegada de sapato afundada na terra, marcas de pneus de um carro e uma bolsa de cimento com restos de água ensanguentada. Um morador local mencionou aos policiais que, por volta das 6h30 da manhã, ele viu um carro estacionado no local onde o corpo foi encontrado. No entanto, devido às altas ervas que cercavam a propriedade, ele não pôde ver mais.
O assassinato de Elizabeth comoveu toda a cidade. Logo, os principais jornais se apossaram do crime e não tardaram em inventar para ela uma vida de álcool, escândalo e desenfreio que nunca foi comprovada. Eles criaram uma história de excessos que não era própria dela. Tanto foi assim que seu verdadeiro nome caiu no esquecimento e Elizabeth deixou de ser Elizabeth e se tornou a “Dália Negra”.
O nome foi inspirado no filme “A Dália Azul”, lançado em 1946, que conta a história de um homem que é acusado de assassinar sua esposa. A associação entre os dois casos foi feita por causa da beleza de Elizabeth Short, que tinha cabelos pretos e olhos claros, assim como a personagem do filme. Além disso, o corpo de Short foi encontrado nu e mutilado, o que também lembrava a história do filme.
O morbo do acontecimento, a grotesca e teatral cena do crime e a desnaturalização do caso por parte da imprensa atrapalharam a investigação e geraram uma catarata de denúncias que sobrecarregaram a polícia de Los Angeles.
A INVESTIGAÇÃO DA DÁLIA NEGRA
Entre a enorme quantidade de depoimentos que foram coletados, havia alguns que indicavam que Elizabeth havia sido vista com um homem loiro, de meia-idade, na noite de seu desaparecimento; outros sugeriam que ela havia sido perseguida por um homem em um carro preto; e ainda outros afirmavam que ela havia sido vista sendo arrastada para dentro de um carro.
A enorme quantidade de depoimentos sobre o caso da Dália Negra sobrecarregou a polícia de Los Angeles. Entre eles, havia alguns que até mesmo se autoincriminavam como assassinos. Os numerosos dados falsos que os investigadores receberam, somados aos rumores que a imprensa deixava correr, só colocaram mais obstáculos no caso.
A demora em obter resultados exasperou o assassino, ou pelo menos alguém que dizia ser ele. Foi assim que, em 23 de janeiro de 1947, o suposto autor do crime ligou para o diretor do Los Angeles Examiner para dizer que estava preocupado porque considerava que o caso não estava sendo tratado adequadamente. Ele ofereceu enviar objetos da jovem.
No dia seguinte, um pacote chegou ao jornal. Dentro dele estava o certificado de nascimento de Elizabeth, fotos, cartões postais, recortes de jornais que informavam sobre o falecimento de seu namorado piloto e uma agenda. Em algum momento entre 10 e 15 de janeiro, os dias em que ela esteve desaparecida, quem quer que a tivesse assassinado retirou a mala da estação de ônibus sem que ninguém percebesse. Isso explica como as posses da jovem estavam em seu poder.
A agenda de Elizabeth Short foi estudada meticulosamente, e cada um dos homens que figuravam nela foi investigado. Apenas três haviam chegado a se deitar com a jovem. Na capa da agenda aparecia anotado o nome de Mark Hansen.
MARK HANSEN
Mark Hansen era o dono de um clube noturno que Elizabeth costumava frequentar. Ele a havia visto em 8 de janeiro e eles se comunicaram por telefone no dia seguinte. Hansen e sua namorada eram amigos de Elizabeth e até mesmo a haviam hospedado em sua casa várias vezes quando ela não tinha dinheiro para pagar uma cama. Mark admitiu que havia tentado ter intimidade com a jovem, mas não havia tido sucesso.
ROBERT MANLEY
Na agenda da garota também estava o nome de Robert Manley, um rapaz de 25 anos que era casado. Manley disse à polícia que havia encontrado Elizabeth andando no dia 9 de janeiro e que, como ela não tinha um lugar para dormir, a levou a um motel. Robert garantiu que naquela noite não havia acontecido nada. De manhã, ele a levou à estação de ônibus para deixar sua bagagem em consignação e depois a deixou no centro da cidade, perto do Hotel Cecil, por volta das 6h45.
No início da investigação, Manley foi o principal suspeito, mas sua esposa garantiu que ele havia estado com ela na noite de 9 de janeiro. Além disso, Manley passou pelo detector de mentiras e pelo soro da verdade, uma medicação psicoativa que é usada ocasionalmente em alguns casos para obter confissões.
Após fazer um par de chamadas telefônicas, às 10 da noite, o recepcionista do hotel viu Elizabeth cruzar o saguão e sair para nunca mais voltar. A história ficava cada vez mais complexa, o limite entre a verdade e a mentira era cada vez mais difuso. Chegou a haver 22 suspeitos e 250 agentes trabalhando na investigação, mas nenhuma pista parecia avançar. Ninguém estava isento, até mesmo o pai de Elizabeth foi investigado.
A imprensa contribuiu para a confusão ao divulgar versões que envolviam até mesmo o ator Humphrey Bogart e o artista Salvador Dalí. Chegou-se a dizer que Elizabeth havia sido uma vítima escolhida para a filmagem de um snuff movie, termo utilizado para nomear filmes que incluem gravações de assassinatos reais.
Quem quer que fosse a pessoa que havia escrito ao diretor do Los Angeles Examiner, durante muito tempo continuou mandando cartas ao jornal e as assinava como o vingador da Dália Negra.
Para alguns, a morte de Elizabeth Short foi o resultado de um encontro violento, para outros, parte de um jogo de perversões. O certo é que passaram mais de 50 anos e o interesse pela Dália Negra foi se diluindo. Nenhuma pista levou a nada e o crime ficou sem solução até que, em 1999, algo aconteceu.
A INVESTIGAÇÃO HODEL
Steve Hodel, um detetive de homicídios da cidade de Los Angeles, estava organizando as coisas de seu pai, George, que havia falecido pouco antes. Enquanto guardava alguns álbuns de fotos, ele encontrou duas imagens de uma mulher desconhecida para ele. Ela tinha cabelos escuros e olhos claros. Ele achou ela muito parecida com a jovem brutalmente assassinada e mutilada que havia sido chamada de Dália Negra.
Dessa forma, ele decidiu investigar de maneira profissional e começou a coletar provas. Ele procurou as cartas de seu pai e as comparou com a caligrafia das cartas que o suposto assassino de Elizabeth Short havia enviado. A caligrafia era muito parecida. Ele enviou tudo ao FBI e solicitou acesso aos arquivos do caso.
As primeiras conclusões dos especialistas em reconhecimento facial e grafologia não foram conclusivas e, além disso, a família de Short negou que a mulher nas fotos de George Hodel fosse Elizabeth.
Steve Hodel continuou com sua investigação particular e continuou encontrando indícios significativos na casa de seu pai, George. Ele encontrou um recibo de compra da época por dez sacos de cimento. Esses sacos eram do mesmo tamanho e marca que o encontrado na cena do crime com vestígios de sangue. Em sua opinião, o assassino havia transportado o corpo na bolsa.
Por outro lado, George Hodel havia tido um consultório médico a apenas duas quadras do Hotel Cecil, onde Elizabeth Short havia sido vista pela última vez. E o mais sinistro era que ele era médico cirurgião e tinha todos os fundamentos necessários para explicar o que foi feito com o corpo.
Apenas um perito médico seria capaz de deixar o corpo no estado em que foi encontrado. Steve descobriu ainda que o carro que os vizinhos disseram ter visto no parque perto do terreno baldio era muito parecido com o que George possuía, e da mesma cor preta. Eles haviam declarado que o veículo parecia ser um Ford Sedan de 1936, e que George Hodel dirigia um Packard Sedan preto do mesmo ano.
Além disso, George Hodel teve tempo suficiente para cometer o crime, pois sua família estava viajando na data do crime. O conhecido médico ficou sozinho em sua mansão. Nessa casa, costumavam haver festas íntimas de desenfreno com jovens aspirantes a atrizes que queriam se misturar com a farândola de Los Angeles.
Segundo Steve, no porão da casa em que havia vivido com seus irmãos, Elizabeth Short teria sido retida contra sua vontade, torturada e esquartejada.
Por fim, havia a macabra posição do corpo da vítima, que lembrava o quadro “O Minotauro”, do surrealista André Masson. Curiosamente, esse pintor havia sido amigo próximo do Dr. George Hodel, e Steve via a encenação do corpo como uma obra surrealista executada pelo seu próprio pai. A tudo isso, somavam-se testemunhas da época que afirmaram ter visto George e Elizabeth juntos. Um deles, inclusive, garantiu que eram amantes.
Steve contatou sua meia-irmã, Tamar Hodel, para saber um pouco mais sobre seu pai. Foi então que ele soube que ela havia denunciado George por abuso sexual quando tinha 14 anos.
Ela havia declarado que ele a havia feito participar de atos deploráveis. No entanto, nada aconteceu e seu pai foi exonerado. Então, Tamar contou a Steve algo que se revelou fundamental para sua investigação. Na época em que ela estava denunciando seu pai nas dependências policiais, ela havia ouvido os policiais dizerem que George havia sido suspeito no caso de Elizabeth Short.
A investigação de Steve Hodel foi publicada em um livro de sucesso que foi lançado em 10 de abril de 2003, intitulado “True Story: The Black Dahlia Avenger”. As edições posteriores, em 2004 e 2006, tiveram capítulos adicionais com novas pistas e mais informações. A publicação foi um best-seller e atraiu mais revelações.
Stuart Lopez, um colunista do Los Angeles Times, solicitou ao promotor do caso mais informações para um artigo que estava escrevendo. A surpresa foi enorme, pois ele conseguiu acesso a uma pasta que nem mesmo o promotor conhecia e que havia sido compilada pelo tenente Frank Jemison, um dos investigadores.
Nessa pasta, estava a confirmação de que os policiais haviam tido seis suspeitos firmemente na mira, um deles sendo George Hodel. Na mesma pasta, revelava-se que o médico havia estado sob vigilância desde 18 de fevereiro de 1950 até 27 de março do mesmo ano. Os policiais haviam conseguido instalar dois microfones ocultos em sua casa, que eram checados permanentemente por 18 detetives.
Também estavam gravadas declarações de seu pai em 19 de fevereiro de 1950. O suspeito dizia: “Dêem-se conta de que não havia nada que eu pudesse fazer. Coloquei uma almofada sobre a cabeça dela, a tapei com uma coberta e consegui um táxi. Ela faleceu às 12h59. Pensaram que havia algo estranho. Bom, agora podem tê-lo descoberto. Eu a assinei em outro lugar.”
Na gravação, o médico afirma:
“Supondo que eu tivesse assassinado a Dália Negra, eles não podem provar nada. Já não podem falar com minha secretária, pois ela faleceu.”
Em outros fragmentos, são ouvidos gritos de uma mulher sendo espancada e é possível ouvir George Hodel dizendo a outra pessoa: “Não deixe rastros.”
Mas por que George Hodel teria tirado a vida de Elizabeth Short? Para Steve Hodel, foi um crime passional.
Elizabeth Short e George Hodel se conheceram em 1946. Ele estava fascinado pela beleza da jovem, e ela pelos favores do seu novo amigo. Ele não era o homem da vida dela, e ela sabia disso. No entanto, ela se deixava ajudar financeiramente e envolver no seu mundo de luxo. Ele sabia que não era correspondido, mas ainda assim sempre a agradava.
Algum tempo depois, parece que ele lhe havia proposto casamento, e a jovem, sem querer ferir seus sentimentos, lhe disse que pensaria sobre isso. Assim, ela alimentou as esperanças de um homem que, quando viu que não era aceito, a assassinou por ciúmes.
Steve Hodel não acredita que seu pai tenha assassinado apenas Elizabeth Short. Ele suspeita de muitos outros crimes, incluindo os seguintes:
Louise Springer, que foi encontrado sem vida em junho de 1949, muito perto de onde foi encontrado o corpo de Elizabeth.
A atriz Jeanne Elizabeth Spangler, que desapareceu em outubro de 1949 e nunca foi encontrada. Sabe-se que ela estava grávida de poucas semanas, que queria fazer um aborto e que havia entrado em contato com um médico. Sua carteira foi encontrada perto da casa de Hodel.
A CASA DE HODEL
Há alguns anos, Steve Hodel voltou à casa de Hodel, hoje declarada monumento arquitetônico e avaliada em 12 milhões de dólares. Um cão farejador de corpos indicou a presença de supostos restos humanos no exterior e no porão, mas não foram realizadas escavações para confirmar.
No caso de Elizabeth Short, Steve Hodel sustenta que a polícia tinha muitas provas contra seu pai, mas que ele não foi preso por outros motivos. Ele estava convencido de que a razão foi esconder os abortos clandestinos que seu pai e outros médicos realizavam com o consentimento das forças policiais.
George Hodel nunca foi alcançado pela mão da lei. A investigação dele poderia lançar um pouco de luz sobre o assunto, mas é certo que nem todos estão convencidos de que George Hodel seja o assassino. Ainda assim, ele nunca deixou de investigar ou de receber pistas sobre as atividades de seu pai. A última foi em 2018, quando a neta de um informante do Departamento de Homicídios de Los Angeles, Glenn Martin, falecido há muito tempo, o chamou. Ela havia encontrado uma carta de 25 de outubro de 1949 na qual seu avô descrevia uma série de crimes e mencionava George Hodel como culpado. Ele só mencionou o assassino pelas iniciais G.H. Martin a havia escrito para proteger suas filhas adolescentes das consequências que poderia ter por ter guardado segredos obscuros. Ele escreveu o seguinte:
“G.H. é um homem muito perigoso e inteligente. Ele é um médico que faz abortos ilegais para mulheres ricas e famosas. Ele também é um assassino em série que mata mulheres jovens e bonitas por prazer. Ele é responsável pela morte da Dália Negra e de muitas outras vítimas que nunca foram identificadas. Ele tem conexões com a máfia e com a polícia corrupta, que o protegem de qualquer acusação. Ele é um psicopata que não tem remorso ou consciência. Eu sei disso porque eu o investiguei por meses e reuni muitas evidências contra ele. Mas eu não posso revelar isso ao público ou à imprensa, porque eles me matariam ou à minha família. Eu só espero que um dia ele seja pego e levado à justiça.”
“Acredito que eu e McCaul armamos isso para que G.H. não fosse identificado como o assassino da Dália Negra.”
Steve reconheceu os nomes. Ele próprio já havia sido promotor distrital e Kenneth McCaul era um sargento na época. Eles eram amigos de George Hodel e teriam conspirado para deixar cair as possíveis acusações. Como um quebra-cabeça infinito em que algumas peças se encaixam e outras não tanto, o caso da Dália Negra se tornou um dos enigmas mais intrigantes das últimas sete décadas. Ele inspirou livros, novelas, séries e filmes. Os especialistas em assuntos criminais dizem que o caso da Dália Negra é um dos arquivos sem solução mais famosos da história dos Estados Unidos, que revelou uma trama perversa de poder, corrupção e abusos. Até hoje, 75 anos após o macabro crime, o caso permanece aberto.
O caso da Dália Negra continua sendo um dos casos de assassinato mais famosos e não solucionados da história dos Estados Unidos e permanece surgindo na mídia de tempos em tempos.
Você conhecia esse caso? Já viu livros e filmes sobre ele? Me conta aqui nos comentários o que você acha da história.
E se quiser mais histórias de terror e suspense, minhas histórias publicadas na Amazon. Todas estão disponíveis de graça para assinantes do Kindle Unlimited. E se gosta de True Crime, leia esse post sobre o Caso Grace Millane. Um ótimo terror pra ti e até o próximo post!